Muito se falou na semana passada sobre a nomeação do chefe de
gabinete do Governador Paulo Câmera, na maioria das postagens e
comentários uma crítica direta a velha forma de fazer política,
das tradições oligarcas. O outro viés, pelo qual a crítica foi
aplicada, diz respeito a ideia de meritocracia. Críticas que vão
dos argumentos mais científicos até a ironia esnobe de quem fala
por falar. Confesso que não tive espanto nesse fato político, se
vê-lo como repetição de algo já vivenciado na história política
de Pernambuco. Não estranhem! O próximo passo são as eleições e
a demonstração de uma força política pautadas em velhas
tradições. Isso não é profecia, quero deixar claro. A história
já tem seus registros e as categorias sociais (falo de um conceito
sociológico) já estavam postos muito antes de acontecimentos
fatídicos e desagradáveis. Existe uma ausência e memória que
precisam serem respeitadas. Então, por que o espanto? A eleição de
Paulo Câmera refletiu esta perspectiva e a própria reeleição do
Prefeito Geraldo Júlio vão indicar de fato nosso nível de
movimentação política. Isso está muito além das reproduções
vazias e frases de efeito contra o jovem chefe de gabinete.
Espero que não tomem minhas palavras como um ato de defesa, nem
muito menos de ataque. É uma reflexão que faço, não só com base
em nossa tradição política, mas essencialmente no que somos. Somos
uma sociedade de oligarcas. Em nosso cotidiano reproduzimos esses
valores. Na nossa casa, no trabalho, até mesmo na roda de colegas
(que alguns chamam de amigos) esses valores se fazem presentes.
Quando reclamamos da falta da meritocracia não podemos esquecer que
esta é uma prática que deve ser procurada com lentes de aumento –
quase inexiste. Não é só na política. A quem de fato atribuímos
méritos? Como não somos uma sociedade liberal e, sim pautadas nos
valores da oligarquia, nossas relações são sempre reflexo de como
nos relacionamos “afetivamente” com os demais, ou seja, o quanto
somos amiguinhos uns dos outros para que nada cause incomodo a
nenhuma das partes. Se não você não é de uma família com
tradições e/ou laços as coisas tendem a ficar muito mais difíceis.
Falta meritocracia praticamente em todas as instituições. (Vejo
isso como fato corriqueiro)
O que chamamos de relações de confiança é na maioria dos casos
uma reprodução dos valores que afastam a ideia de meritocracia,
justificado por essas relações e por uma suposta burocracia - que
funciona apenas aos inimigos – assistimos como algumas instituições
se fadam ao exito da incompetência, apenas para não serem
incomodados pelos que prezam por uma sociedade pautada no mérito,
portanto, (posso está errado na minha afirmação) meritocracia não
é o mesmo que mérito.
Mérito é algo que temos em muitos, por suas qualidades, virtudes e
feitos, mas que por questões das mais diversas ordens pode não ser
reconhecida. Meritocracia é algo que grupos (quase sempre com alguma
forma de poder) atribui ao outro, não precisando, necessariamente,
demonstrar méritos – basta que digam e pronto. Penso que somos uma
sociedade da meritocracia. Sim! Temos meritocracia, no entanto, nos
falta o valor do mérito. Esse, infelizmente, não é um privilégio
da política. Está presente em tudo. Talvez seja por isso que nossos
únicos heróis sejam os jogadores de futebol. Pelo menos, em algum
momento, demonstraram o mérito de alegrar sua torcida com belíssimos
gols. Já os meritocráticos … bom! Deixa isso pra lá. Esses temos
aos montes, nas empresas, academias, na política. O grande mérito,
destes segundos, é agradar os seus pares.
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