A primeira leitura que fiz de Umberto Eco foi o “Nome da Rosa”, sua obra mais conhecida. No entanto, o “Pêndulo de Foucault”
conserve a mesma força narrativa que o primeiro, tenho predileção por "O Nome da Rosa" (deixando claro que é o livro e não o filme, embora sendo tão bom quanto). Tirando os
romances tinha vistos alguns ensaios sobre literatura, que apesar da
densidade da leitura considero muito bom e, para quem se pretende a
caminhar pelos “bosques da ficção” seria algo possível apenas
aos já iniciados e vocacionados para tal, o que não é o meu caso.
Recentemente tinha lido uma crítica interessante sobre seu último
livro “Número Zero”. Sempre vi literatura de Umberto Eco num
diálogo permanente com a filosofia e com as questões políticas. O
“O Nome da Rosa”, não está presente apenas a dicotomia entre o
velho e o novo, entre as tradições seculares e religiosas, de
como nossas crenças e medos influenciam nossa visão de mundo. Chama
atenção no romance o cego que é guardião da biblioteca e o que intriga é sua descrição sobre o personagem, que pode ser apenas
uma maneira que o autor criou para mostrar que a pior condição ao
homem não está em suas limitações físicas, mas na sua
ignorância, no medo em desbravar o novo - quase sempre visto como
novas formas de conhecimento, numa permanência com tradições e ritos.
Estive lendo alguns noticiários e comentários com lamentações de
sua morte. Claro! Num momento no qual a mediocridade é a regra e os
discursos vazios se apoderam de imbecis e incompetentes, não ter
intelectuais propositivos e de conteúdo é algo que nos falta, ainda mais por sua ausência. No
entanto, fica uma obra que pode ser lida e discutida, em especial no
campo da literatura. Ainda sobre “O Nome da Rosa”, quando
terminei a leitura fiquei impressionado com a história, da forma
como a narrativa pode nos transportar no tempo. Claro! O autor não é
o único, mas foi com ajuda desta leitura que pude tomar algumas
decisões, repensar um monte de coisas. Por algum tempo pensei até
em ser escritor.
Outra coisa que chama atenção em Umberto Eco foi sua resistência à
redes sociais. Achei um pouco pesada as criticas que fazia às redes
sociais (mas quem sou eu pra discordar?!). Vejo as redes sociais
como ferramenta importante de comunicação. Não podemos
desconsiderar que há muita informação a ser filtrada (quem sabe,
até esta mensagem escrita por um sociólogo sem talento e
prestígio), mas não podemos desconsiderar sua contribuição em
paralelo. A exemplo da Primavera Árabe e o próprio estreitamento do
"espaço-tempo-território" é algo que vejo como interessante. Não
quero dá ênfase a isso, mas relatar o quanto este intelectual de
peso se manteve coerente e fiel a essência das palavras, seu melhor
uso na reconstrução de um mundo plausível. Não
sentirei falta de Umberto Eco porque o tenho nos nos livros. Este é
o objetivo do escritor, que se faz presente além do seu tempo.
Privilégio de poucos!
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