sábado, 30 de abril de 2016

Homenagem aos beats


Quando se pretende escrever, simplesmente, se escreve. Pouca importa a qualidade ou se terão pessoas para compartilhar de sua escrita e/ou mesmo para falarem, se o que você fez tem ou não relevância. Quando se pretende escrever, apenas escrava. Fale sobre o qual grandioso é a vida ou fale o quanto é medíocre a vida. Faça um personagem de si mesmo. Mate todos os heróis e construa os anti-heróis. Os heróis andam empacotados e sempre tão certinhos que já vivem na terra o marasmo do céu. São tão amados que não vivem a emoção do ódio. Quando se pretende escrever, simplesmente, escreva enaltecendo àquilo que não se gosta de ouvir e viver. As verdadeiras histórias tem sempre um lado bom, mas você não tem a obrigação de contar a verdadeira história pelo simples fato de ter escolhido o lado do malditos. Escritores malditos, com sua gente simples e pouco resoluta a nobreza da sociedade. No mundo de baixo está o seu olhar. O inferno está repleto deles, também, quero ser um deles. Odeio os heróis. Quase sempre são falsos, quase sempre alegres e pouco viris, porque estão por demasia preocupados com seus malditos papéis.
Quando se pretende escrever, por favor, deixe que sua maldita mente se ocupe apenas disso, e que se dane todo o resto. Não há muitos escritores ricos e que pagam suas contas em dias. Apenas os piores que vivem de escrever coisas bonitinhas. Os bonzinhos são obscenos em sua bondade. Não aguentam um não. NÃO PORRA! Simplesmente, escreva mesmo que se pague um preço, ou não se pague nada. É a maldição dos escritores, mesmo que temporário. Quando se pretende escrever, simplesmente, olhe para as letras que não fazem o menos sentido até que você termine e tenha vontade de jogar tudo no lixo. A escolha é sua, mas lembre-se que perde uma oportunidade ímpar de incomodar nossos heróis engomadinhos. Alguns até escrevem livros para preencherem algum catálogo e cumprirem protocolos. Será que sabem de alguma coisa, além de repetir-se como papagaios o que escrevem?
Quando se pretende escrever, simplesmente, todas as justificativas e problemas ganham uma conotação superficial. Quando se pretende escrever, simplesmente, se escreve. Não se paga alguém para escrever. As prostitutas podem está entre seus personagens favoritos, pode ser - inclusive - a segunda profissão – mas, não se prostitui àquilo só você pode e deve fazer. Não se paga para escrever. Dinheiro não compra tudo, embora possa ajudar bastante. Mas há algo de muito íntimo que alguns vermes jamais entenderam. Então, pagem.
Se pretendem, realmente, escrever que pague o seu próprio preço, que sinta suas próprias dores e como artista se dê conta dos próprios limites. Noites de sono, a fome, a humilhação de uma sociedade que elege seus heróis engomadinhos que perfilam-se em frases de autoajuda numa aparência oca, do qual suas existências reluzem em grande intensidade, numa necessidade pujante de se diferenciarem dos malditos, porque os malditos não fazem esforço pra tal. Simplesmente se metem a escrever sobre coisas inúteis, simplesmente, são inúteis e não há esforço em sempre inúteis. Quanto esforço fazem os demais para não serem inúteis e o quanto é trágico, por mais que se esforcem, a distancia entre o inúteis e os engomadinhos é mínima. Os esforços do segundo tipo: incomensuráveis.
Parece que é maldição de muitos escritores. Ninguém sai ileso disso. Ninguém. Portanto, uma vez que não há saídas alternativas e já fez a escolha, …, continue e pague seu preço, mas não deixem que ponham um preço sobre você. Quando isso acontecer pode está certo que você está acabado, terás o céu, ganharás dezenas de amigos, mas perderas a essência do seu próprio mundo.
Quando se pretende escrever, simplesmente, ignore toda a maldade que há nos bons, porque os bons só o são, porque vivem entre os bons. Se quer escrever diga NÃO e tudo que não agrada. Discorde quanto todos dizem o contrário. Essa é a maldição. Viva o seu próprio exílio e construa os seus caminhos. Esse é o caminho e o privilégio dos que pensam. Escreva e rasgue todos os cheques. Caminhe por onde os fazedores de coisas não caminham. O seu mundo é fazer ‘coisas’ quando alguém lhe diz que devem fazer ‘coisas’. Portanto, se pretende escrever, pense bem! Pague seu preço. Escreva! Dos falsos fuja, mas não deixe de descrevê-los - quase sempre são caricatos em sua bondade e normalidade. Escreva! Se por acaso ninguém te ver, não se incomode. Isse é um caminho para poucos.

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